quinta-feira, 20 de setembro de 2007

TRAVESSIA - 2º DIA


Sexta-feira – 07.09.2007

Acordamos por volta das 06h00 com o galo cantando. O dono do sítio onde acampamos em Paiolinho apareceu para nos fazer companhia durante o café da manhã. Velhinho estilo fazendeiro, com seu chapéu de peão e botinão. Simpático, conversador, trouxe um livro para registrarmos que passamos por lá. Ele adora receber os montanhistas e aventureiros.

Partimos para nossa “caminhada” pouco antes das 08h00, mas o sol já estava a todo o vapor sobre nossas cabeças. Antes mesmo de iniciar a subidona, o suor começava a escorrer pelo corpo. Andamos por entre os matos sem parar umas duas horas e meia seguidas, sempre para cima e desviando das folhas, galhos que bloqueavam a trilha. Fizemos, então, a primeira parada de descanso às 10h30min. Pausa para água, bisnaguinha, salame e granola.

Uns vinte minutos depois voltamos ao tracking... e dá-lhe subida! Falando assim, parece até fácil. Mas ia ficando cada vez mais penoso. Saímos do meio do matagal, fazendo com que o sol na cuca dificultasse ainda mais a escalada nas pedras. Bendito seja quem inventou o bastão de montanhismo! Agora eu entendia o quão necessário este acessório. Sem ele certamente as pernas não agüentariam o tranco. Poucas vezes o soltava para literalmente agarrar nas fendas das pedras e obter equilíbrio e impulsão nos rochedos íngremes.

Horas depois de subida, num dado momento, envolvida pelo cansaço, meus pés escorregaram e eu quase caí. Minhas mãos agarraram-se na pedra e Olhos Verdes conseguiu me segurar pelo mochilão... ufa! Um susto! Resolvemos dar uma breve parada para recuperar o fôlego. Daí tudo começou a rodar, minha visão ficou turva e eu senti que ia desmaiar. Olhos Verdes segurou-me de um lado e Orled, do outro, jogou água na minha nuca. De repente vomitei, e a luz voltou. Melhorei em seguida. Orled disse ser natural acontecer isso. O esforço excessivo fez com que a pressão baixasse e eu passasse mal. Fiquei um pouco ressabiada, afinal de contas era apenas o primeiro dia de ralação... será que iria agüentar até o final da trip?

Mas adquiri uma disposição incrível após o ocorrido e rapidamente conquistei nosso primeiro pico. Dessa vez foi Olhos Verdes quem ficou um pouco para trás, tentando vencer a fadiga que começava a torturá-lo. Nosso amigo Jão, ao contrário, no pique total, sempre! O relógio já apontava umas 13h00!!! Terminada a parte treta da escalada e finalmente recuperados, a linda paisagem que nascia motivava a chegada ao cume. A expectativa aumentava, o desejo da conquista também. Passou a fazer parte do corpo, inconscientemente, a mochila e seu peso. Imagens inesquecivelmente belas emergiam... desbravamos o Alto do Capim Amarelo!!!

Guiados pelos totens feitos de pedras, atingimos o cume principal, o quarto maior do Brasil: a Pedra da Mina com 2.797 m de altitude! Um caderno de assinaturas protegido por uma caixa de ferro registra o feito de milhares de aventureiros dos mais diversos lugares. Eu, Olhos Verdes e todos os outros gravamos a nossa presença! O cenário e o sentimento são realmente indescritíveis: a lassidão cede lugar ao fascínio da vitória; as montanhas nos presenteiam com sua misteriosa beleza. Parece exagero, mas a sensação é mesmo alucinante.

Contemplamos a Pedra da Mina e a vista ao redor por cerca de uma hora e meia. Aproveitamos comer e descansar um pouco. E, antes que escurecesse, seguimos adiante, dessa vez descendo em direção ao Vale Ruah. Localizado na nascente do Rio Verde, o Vale Ruah também é incrível: totalmente plano e extenso, rodeado de montanhas por todos os lados e encoberto por capins de quase dois metros! Montamos acampamento em um de seus clarões.

A noite foi beeeeemmmm fria, chegou a dois graus negativos! Ainda bem que meu saco de dormir era potente e ainda tinha o Olhos Verdes ao meu lado para me deixar mais quentinha. A água sobre as barracas chegou a ficar congelada. Mas, depois da longa jornada, nem chão duro impediu que o sono viesse.

3 comentários:

Anônimo disse...

desculpa, mas eu não conseguir ir além do "galo cantando". até porque ele canta mal à beça.
você tem tido algum problema com essas aves ultimamente? :P

Anônimo disse...

tá, agora eu li tudo.

meu... meu! meeeeeeeeeuuuuuu!
ceis são tudo um bando de louco, pelamor!

lembri de uma caminhada que eu fiz em ilha grande pra chegar numa maldita praia sei lá das quantas. 4 jovenzinhos cheios de energia, eu e uma amiga tão sedentária quanto eu. a subida não acabava nunca mais. e eu tinha certeza qu quando eu chegasse, deus ia estar me esperando lá em cima.

nunca mais!

Lica disse...

Hahahahahahaha

Se bobebar, foi a mesma trilha que eu também fiz. Não foi para chegar em "Aventureiros"?! (é o nome da praia). Trilhinha treta também, Tatinha! hehehe

Beijosss