quinta-feira, 27 de setembro de 2007

TRAVESSIA - 3º DIA


Sábado – 08.09.2007

Apesar de muitos reclamarem do chão duro e do frio, eu dormi muito bem, obrigada! Talvez o árduo caminho do dia anterior tenha feito com que eu apagasse; o saco de dormir (potente até 4 graus negativos) também ajudou, claro. Acordamos com bastante frio, as barracas umedecidas pelo orvalho da noite.

Ficamos sob a sombra mesmo após o nascimento do sol. Dava para ver os picos das montanhas iluminados. Aos pouquinhos o Vale Ruah também foi contemplado pelos raios solares. O calor finalmente chegou: hora de ajeitar os mochilões e reiniciar a jornada. O relógio marcava 09h00.

Paramos num riacho ainda no Vale Ruah para abastecer as garrafas d’água. Orled alertou-nos para levar o máximo de água possível, pois não haveria mais fonte ao longo do caminho até o final da tarde do dia seguinte. Os rapazes aproveitaram para mergulhar, alguns até peladões, mas eu me limitei a colocar a perna até o joelho: não dava para agüentar a dor de tão gelada que estava! Imagino eles...

Percorremos, de novo, os mais diversos cenários: desde passar por matagais, por vezes formando túneis, até caminhar literalmente sobre as cristas das montanhas. Ao mesmo tempo que dá imenso prazer de poder viver e presenciar cada momento dessa experiência, dá também a sensação de sermos insignificantes diante daquela imensidão, que nem sequer imaginávamos um dia conhecer. Quem, viajando pela Dutra, iria imaginar que, naquele momento, pessoas caminhavam lá no alto, acima das nuvens? É inexplicável.

A beleza é realmente exuberante e dava para ser admirada por todo o trajeto com mais calma do que no primeiro dia. Apesar de ser longo o percurso, havia menos subidas e descidas. As grimpas formavam quase que uma linha reta, por vezes expostas ao sol (e como estava quente!!!), por vezes encobertas pela vegetação. A cada cocuruto conquistado, nova paisagem nos presenteava. Abismos ecoavam nossas vozes.

Dessa vez eu, Olhos Verdes e Jão tomamos a dianteira. Deu tempo de descansar, observar ao redor e esperar os demais chegarem para a retomada da caminhada. Precisaríamos vencer ainda uma ladeira e uma subidona para atingir o Pico dos Três Estados. Eram 15h30min. Chegamos ao cume às 17h00! No Pico dos Três Estados estávamos, simultaneamente, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Um passo representava a linha limítrofe.

No meio de tanto capim, apenas seis espaços abertos para acampar. Eu e Olhos Verdes montamos nossa "suíte" em Minas Gerais, isolados dos demais. Cada um armou a barraca num Estado diferente. Corremos arrumar as coisas, colocar roupa de frio e fomos todos para a pedra assistir ao pôr do sol. Que coisa mais incrível! Ficamos em silêncio, só admirando o momento. O sol despedia-se atrás das montanhas que nos cercavam. Já era noite na cidade há muito, mas as nuvens estavam abaixo de nós...

Jantamos sob estrelado céu, em clima de despedida. Curtimos ao máximo o instante, a última noite juntos. Ganhamos até estrela cadente como recompensa! Mas fazer pedido para quê? Dias maravilhosos, visuais maravilhosos, com pessoas maravilhosas... e ao lado da pessoa que eu amo (Olhos Verdes). Só agradeci! Fomos dormir extasiados.

Um comentário:

Anônimo disse...

E ainda tem gente que não acredita em Deus!!
Gostaria de ter alguns aninhos menos para viver essa maravilha.
Entretanto, vou procurar algo mais light e tão belo quanto.
valeu mesmo.